sábado, 18 de maio de 2013

Onde estão os torturadores e colaboradores da ditadura?

TORTURADORES E COLABORADORES DA DITADURA? ESTÃO VIVOS, ESTÃO SOSSEGADOS! O senhor Claudio Fonteles, escolhido para fazer parte da Comissão Nacional da Verdade, que tem como missão a busca da verdade dos fatos, ou de chegar o mais próximo possível dela, tem o primeiro compromisso com a memória e com as pessoas. Com a memória para trazer à luz aquilo que está velado ou mesmo escondido, e esse escondido não por acaso, e sim como uma política deliberada de restringir ou mesmo negar o acesso aos registros documentais de onde se podem extrair fatos e acontecimentos reveladores e, principalmente, comprometedores, que possam ser do conhecimento da sociedade do que ocorreu no período da ditadura, com ênfase na mais recente, iniciada em 1964. Já o compromisso com as pessoas vai além da abertura dos arquivos, pois o que está lá e o que não está não foi apagado da memória dos sobreviventes e de muitos de seus parentes e amigos. Mas fiquei a me perguntar como seria possível alguém com responsabilidade tamanha utilizar práticas semelhantes àquelas utilizadas pelos governantes que implementaram a ditadura e promoveram a tortura, o assassinato de pessoas e o estímulo aos colaboradores (informantes do SNI), já que a sua escolha se deu justamente por ter sido alguém que, em tese, seria isento nas suas análises e posicionamento. Entretanto, na primeira oportunidade, não foi bem assim que se comportou. Durante a greve dos servidores do Arquivo Nacional, que lutam por um plano de carreira e pela substituição do diretor-geral, Sr. Jaime Antunes da Silva, há 20 anos no cargo, nomeado pelo ex-presidente Fernando Collor, ocorreu uma discussão entre os servidores que faziam o convencimento para que servidores e usuários da instituição apoiassem sua luta, como forma de pressionar o governo a negociar, já que nem isso eles fazem, o que motivou a deflagração da greve. Nesse ambiente, o Sr. Fonteles “pinçou” uma frase com certa malícia e dela levantou hipóteses das mais retrógradas e injustas. A frase foi: “...estão mortos, estão sossegados...”, e se disse perturbado com o que ouviu, sugerindo que houve falta de respeito com aqueles que lutaram e sofreram com as barbaridades de torturadores e colaboradores da ditadura. Priscila Frisone1 em resposta ao artigo que o Sr. Fonteles postou em seu blog, fez uma breve mas significante análise do seu artigo, da qual reproduzo aqui alguns trechos: “Compreendo que a frase dita pelo servidor, assim fora de contexto, é realmente perturbadora. Mas não podemos ceder à tentação de sermos ingênuos e simplistas. Há uma outra frase que gostaria de trazer à tona: “Há que endurecer mas sem perder a ternura”, do tão conhecido Che Guevara. Trago esta frase para podermos ampliar o olhar em relação à frase dita pelo servidor: “Estão mortos, estão sossegados”. Há dureza na frase. Dureza do pragmatismo. “Mas devemos buscar a ternura que há nela. A frase vem do coração daquele que não deixou de acreditar num sistema mais justo. A frase sai da boca daquele que está lutando por seu direito que está diretamente ligado ao futuro dos seus, ao futuro do seu país. A greve do Arquivo não é um fato isolado. Ela reflete a insatisfação de servidoras e servidores espalhados no país que lutam por melhores salários, condições de trabalho e, acima de tudo, dignidade. Aí está a ternura da frase.” O Sr. Fonteles tenta induzir os leitores de seu blog no artigo que escreveu afirmando que o que ouviu o perturbou pela falta de respeito com os parentes das vítimas daqueles que foram torturados e/ou mortos. Que o “jovem” que disse tal frase é insensível ou mesmo alienado da importância histórica que proveniente da pesquisa dos arquivos dos fatos ali registrados. Essa postura do Sr. Fonteles me perturbou, pois considerando os acontecimentos daquele momento de tensão, de luta pelos direitos democráticos, pode alguém que se espera saber discernir as expressões no seu contexto fazer esse tipo de leitura? Em momento algum houve falta de respeito àqueles que foram vítimas da ditadura e muito menos aos seus parentes, como o Sr. Fonteles tentou induzir. Outra citação de Priscila expressa bem este assunto: “Não sei o que é não poder expor as próprias ideias, mas sei o que é vê-las sendo manipuladas e distorcidas por aqueles que desejam descaracterizar uma luta legítima.” Outro fato muito perturbador é saber que os algozes que vitimaram com tortura e assassinato aqueles que lutaram pela liberdade, justiça e democracia no Brasil, estão isentos de responderem perante a justiça pelos seus crimes, que se caracterizam como contra a humanidade, que em momento algum podem ser protegidos por uma lei de anistia. Isto sugere uma hipótese: se de fato ocorreu, configura-se além de uma grande traição àqueles que ofereceram suas vidas pelo bem da nação, lutaram e sofreram todo tipo de atrocidade, que a abertura dos chamados “arquivos da ditadura” foi fruto de acordos com os militares e civis que comandaram o golpe iniciado em 1964. Por isso também ampliaram o período de abrangência da violação dos direitos humanos de 1946 – 1988, como forma de tentar tirar de cena aqueles que colaboraram com a ditadura e estão vivos, estão sossegados. A partir dos arquivos que foram recolhidos ao Arquivo Nacional referentes aos órgãos de repressão da ditadura, será possível pesquisar, dar acesso e publicar os mais cruéis e humilhantes tratamentos que sofreram aqueles que resistiram a um regime totalitário e massacrante das liberdades coletivas e individuais. Ou seja, as vidas dessas pessoas e de seus familiares serão expostas em nome da verdade, da transparência e da cidadania. É profundamente perturbador saber que os agentes da barbárie serão protegidos não apenas em responder pelos seus crimes contra a humanidade, como também terão seus nomes ocultados em nome de um possível acordo indecente e inescrupuloso. Usam-se dois pesos e duas medidas: as vítimas serão expostas em suas intimidades e humilhações, os autores dos crimes repugnantes terão suas identidades protegidas pelo direito à privacidade. Isso é injusto e inadmissível se queremos de fato a verdade. Para revelar os fatos é necessário dizer quem os praticou ou de alguma forma colaborou com eles. E neste sentido chamo a atenção: é possível conhecer quem foram muitos dos colaboradores da ditadura iniciada em 1964, em arquivos que não são procedentes dos órgãos que atuaram na repressão militar e civil. O SNI foi criado pela Lei nº4341/64, de 13/06/1964, que no seu parágrafo 3º, artigo 7º, estabelece uma gratificação pecuniária para os servidores civis e militares em serviço no SNI. Portanto, basta fazer uma pesquisa na ficha cadastral e ficha financeira dos servidores públicos federais de todos os ministérios e na Presidência, no período de 1964 - 19892, e verificar quem recebeu essa gratificação (como a mesma foi incorporada aos vencimentos, em tese, essas pessoas ainda a recebem) e pelo menos esses serão identificados como colaboradores da ditadura. E como o Arquivo Nacional é a instituição que recolheu os arquivos da ditadura, essa varredura deveria ser iniciada por lá, de maneira que possa ser verificado se existe alguém que esteja ocupando cargos de confiança na instituição que, de alguma maneira, possa criar dificuldades para a organização e acesso aos documentos. Para terminar este artigo, deixo mais algumas profundas citações de Priscila, que aborda muito bem o espírito de quem reconhece a importância histórica do passado correlacionando com o momento em que vivemos sem fazer comparações, mas dando a devida importância às lutas daqueles que acreditam que só através do rompimento dos limites impostos pelas leis e pelos poderosos, poderemos ampliar conquistas que contribuirão para o aprimoramento da democracia e para a melhoria da qualidade de vida dos cidadãos brasileiros. “Compreendo que a ditadura é uma mancha na nossa História. Mais ainda, sei da extrema relevância da busca por respostas aos parentes e amigos das vítimas deste período. Reconheço tais vítimas como heróis de nosso passado. Porém, gostaria de chamar atenção para os heróis de nosso presente: os servidores púbicos federais que, neste momento se recusam a calar perante tantas injustiças.” “Num país em que poucos ganham muito e muitos ganham tão pouco, a luta dos servidores reflete a luta por uma sociedade mais igualitária, com serviços públicos de qualidade.” “Por último, eu gostaria de discordar: a ditadura não está dentro do Arquivo Nacional. Ao menos não só lá dentro. A ditadura não acabou. Ela só mudou de cara, de roupa, mas continua com o mesmo cheiro. Podemos senti-la no ar, nas mais diversas manifestações de abuso de poder e politicagem daqueles que deveriam nos representar. Como bem disse o distópico ‘profeta’ Aldous Huxley em seu prefácio a Admirável Mundo Novo: “Não há, por certo, nenhuma razão para que os novos totalitarismos se assemelhem aos antigos. O governo pelos cassetetes e pelotões de fuzilamento, pela carestia artificial, pelas prisões e deportações em massa, não é simplesmente desumano (ninguém se importa muito com isso hoje em dia); é, de maneira demonstrável, ineficiente - e numa época de tecnologia avançada a ineficiência é o pecado contra o Espírito Santo. Um estado totalitário verdadeiramente eficiente seria aquele em que o executivo todo-poderoso de chefes políticos e seu exército de administradores controlassem uma população de escravos que não tivessem de ser coagidos porque amariam sua servidão.” “Mais do que uma frase perturbadora, senhor Claudio Fonteles, perturbador deve ser o desejo de evitar as injustiças atuais.” Nei Inacio da Silveira Arquivista do Arquivo Nacional 1 Priscila Frisone Costa – Cidadã – Professora – Esposa de Adolfo Celso – Servidor do Arquivo Nacional/RJ 2 A Lei 7923/89 no seu art. 5, parágrafo único, incorporou a gratificação da Lei 4341/64 fonte;folha republicana quantos mais temos que perder para podermos ter ser viver liberdade livre uma ditadura já passou outras ditaduras estão acontecendo só que dessa vez é por moradia emprego chances a pior das torturas está sendo usada hoje a tortura piscologica quantos tem que morrer para um malandro fumar um baseado para um candidato ser eleito éssa é a ditadura por moradia por dignidade por igualdade se os governantes nos ouvisse seria bem melhor e mais facil mais eles escutam outros iguais á eles que não sabem da realidade e as vezes sabem mais se fazem de cegos surdos e mudos o parlamento esta cheio desses cegos surdos e mudos opa mudos não eles gritam e muito mais gritam por interesses deles mesmo o salario minimo teve um super aumento almenta 20 reais por ano para nos para um vereador aumenta 2 ou 3 mil reais sem falar dos vale é um tal de vale palito vale moradia vale transporte tudo eles ganham vá voce pedreiro ou servente trabalhar em outra cidade voce vai de onibus bicicleta á pé eles se trabalham do outro lado da rua vão de carro com motorista e segurança armado para não serem assaltados ou coisa parecida ingraçado esse povo como se secuestrassem ( BOSTÁ MERDA LIXO )sequestradores querem gente até eles os odeiam bom fica minha critica meu desabafo valeu ; escrito e postado por renatoneves o maluco do santo agostinho ; e que a verdade doa á quem doer .

Lamarca, Zequinha Barreto e a Comissão da Verdade

O período vivido por nossa geração ficará registrado, no futuro, como o tempo em que vencemos um regime autoritário e implantamos a democracia que, a despeito de todos os seus defeitos e imperfeições, é um sistema muito melhor de convivência entre os seres humanos do que a ditadura derrotada. Será marcado também como o período de tempo em que iniciamos a tarefa hercúlea de superar a situação de miséria que ainda infelicita muitas pessoas e famílias de nosso país. A luta pela redemocratização foi repleta de percalços. Não vencemos todas as batalhas. Tivemos vitórias parciais e perdemos companheiros e companheiras valorosos. Ainda assim vencemos a guerra de tal forma que, hoje, os saudosos dos tempos do autoritarismo, ainda que existam, se envergonham de se manifestar. Sempre digo que a vitória mais importante da história da esquerda brasileira está no fato de termos eleito e reeleito presidente da república um operário que, antes de ocupar o cargo que ocupou, tinha sido somente presidente de um sindicato de trabalhadores, e cuja família veio do Nordeste do Brasil como retirante. Ouvimos nossos adversários condenarem a postulação de Lula, com o discurso de que um operário não seria bem sucedido na presidência da república. Segundo diziam, a tarefa era coisa para doutores e não para um operário. A prática demonstrou exatamente o contrário. O homem que presidiu o Brasil por oito anos deixou o governo com a avaliação mais positiva que um governante já houvera tido em nossa história. Em muitos outros aspectos nós contribuímos para que o povo brasileiro passasse a pensar diferente sobre si mesmo. Ainda que ainda tenhamos muito o que avançar, hoje as relações homoafetivas e o papel das mulheres e dos negros na sociedade é visto de outra forma, em grande medida graças à nossa atuação. Falta, no entanto, um detalhe significativo. Não conseguimos, desgraçadamente, desmontar a farsa que atribui aos militantes da resistência ao autoritarismo a pecha de terroristas. Também não conseguimos a culpabilidade do crime de tortura. A anistia recíproca aprovada em um momento que ou a aceitávamos ou não teríamos anistia nenhuma, praticamente inocentou os torturadores e continuou criminalizando companheiros e companheiras que optaram pela luta armada no enfrentamento contra a ditadura. A questão não é banal. O efeito dessa derrota ideológica é a dificuldade que temos em fazer aprovar no Congresso Nacional a Comissão da Verdade, um instrumento legítimo de fortalecimento da democracia que pretende recuperar a memória desses nossos heróis contemporâneos e, ao mesmo tempo e se for o caso, punir os torturadores.A ocasião em que se completam 40 anos da execução dos militantes Carlos Lamarca e Zequinha Barreto (foto retirada do site http://zequinhabarreto.org.br) é o momento ideal para insistirmos nesse debate. Se não formos céleres na recuperação da verdade histórica acerca dos acontecimentos que resultaram nos assassinatos de Zequinha e Lamarca, corremos o risco de vê-los retratados nos livros de história do futuro um como perigoso bandido e terrorista, e o outro como desertor do exército do qual fez parte. A história dos nossos heróis deve ser contada por nós mesmos ou por gente de nossa confiança, nunca por nossos inimigos. Carlos Lamarca deixou o exército por se recusar a cumprir ordens que lhe mandavam comandar tropas que iriam reprimir trabalhadores em greve. Zequinha Barreto foi ativista operário em Osasco e participou da direção das históricas greves de 1968, que iniciaram o caminho que, depois seria seguido por trabalhadores de todo o país. A opção que ambos fizeram pelo enfrentamento armado contra o regime ocorreu porque eles não viam outro meio de enfrentar o autoritarismo que dominava nosso país. Na mesma situação, muitos de nós teríamos escolhido o mesmo caminho. A violência só se justifica quando os argumentos verbais não são ouvidos e o autoritarismo que vigorou em nosso país não aceitava qualquer argumento que lhe questionasse a autoridade. É urgente a recuperação da memória histórica de todos os combatentes que enfrentaram aqueles tempos difíceis. Do mesmo modo que conseguimos vencer o preconceito em relação ao operário que se tornou o melhor presidente da república de nossa história, vamos vencer também a discriminação que, infelizmente, ainda persegue esses combatentes valorosos. Não são terroristas nem desertores, são soldados da liberdade que merecem um lugar de relevância em todos os livros de história de nosso país. A instalação da Comissão da Verdade pode cumprir esse papel importantíssimo para as futuras gerações de lutadores e de lutadoras que vão completar aquilo que ainda não conseguimos concluir e que vão mudar o país e tornar o mundo cada vez melhor para todos. postado por blogdorenatonevesblogspot.com ; fonte; jose claudio de paula e blog olha diferente

sexta-feira, 17 de maio de 2013

gente nos não sabemos ao certo quantos foram mortos pela opressão existem milhares ainda desaparecidos que não se sabe ao certo se ja estão morots ou se estão por ai sem memoria desnotiados sem saber da vida quantos pais ficaram sem filhos quantos filhos ficaram sem mães todos desaparecidos hoje olhamos para os militares que estão vivos são velhos e acabados e sentimos pena deles as vezes dizemos coitadinho desse velho querem prender ele mais o que exatamente ese velhinho fez matou torturou estuprou ,sem pena sem pensar duas vezes certo foi sobre ordem mais se eles se revoltasem teriam evitados agora hoje os comandantes ja estão mortos e quem vai pagar por estes crimes alguem tem de pagar e muito caro é facil julgar hoje em dia então vamos penalizar os cadaveres de opressores que acham de trinta anos no regime fechado acho que ja seja uma boa punição para os cadaveres voces não acham que pena que hoje com tanta tecnologia poucas pessoas tem o conhecimento de tudo o que aconteceu mais saibam que estes desaparecidos são os responsaveis por hoje nos temos tantos cindicatos a nosso favor temos direitos de ir e vir cantar compor nos espressar com trancuilidade sem temer agora deixem que meu grito ecoe por todos os cantos do mundo pelos quatro ventos sem ter nem temer somos livres , hoje aida lutamos mas por outras coisas como por exemplo e redução da maior idade que é muito importante para o brasil que se diz desenvolvido eu sou a FAVOR da maior idade penal de 18 para 16 ou menos eu particularmente queria que foce de 18 para 11 pesquisem a maioria dos crimes são cometidos por menores porque não são punidos talvez que a criminalidade diminuisse assim dessá forma porque os marginais aliciam menores para cometerem crimes porque eles não são punidos é muito facil aliciar um menor é só dizer á ele assim o ( moleque tu vai lá mata o cara ou vende lá á parada ou rouba lá pra nóis que nóis vamo la e te solta facim facim e nóis te damos um troco bom ai uns cem reais tá bom né e tu vái ficar com moral com nís vai lá moleque vai ) pronto um menino pobre ou abandonado não vai pensar duas vezes vai la e comete o crime facil né é como ir ali e comprar um pão ou queijo vamos lá gente botem a boca no trombone gritem queremos redução da menor idade um bispo ai qualquer da cnbb que não ve nada de la de dentro de seu gabinete ou de sua mansão vem ai falar de coisa absurda que vai marginalisar mais as crianças e adolecentes tudo comversa afiada ele não quer que estes anjinhos dos pés de são miguel sejam presos então ele coloque eles na mansão dele ai ele vai ver oque acontece serto eles as vezes podem porar mais pelo menos irãm pagar por seus atos hoje mesmo um irmão meu que estava envolvido com uns roubos de motos ai não sei foi detido ele teria sido entregue por um dos chefes da gang um menor para ele se livrar do presidio teve que pagar uma fiança absurda ele foi pego as 5 ( cinco ) horas da madrugada o muleque tambem ele só foi liberado sa 19 (desenove ) horas porque pagou a fiança já o moleque foi liberado as 15 ( quinze )horas sem pagar nada nm dar esclarecimento nenhum á sem falar que o muleque estava sendo detido pela segunda vez por o mesmo poblema sabem como foi a historia esse muleque passou uma moto roubada pro meu irmão rodar néla serto meu irmão já sabia só que o muleque foi pego por outra coisa lá só que ná hora lá ele falou da moto ai ele disse que a moto estava com meu irmaõ então ele foi detido tambem meu irmão teve que pagar fiança para ser solto ele não certo que se dependece de min eles dois apodreciam na cadeia mais minha mãe e meu pai estavam sofrendo muito aqui em casa ninguem sabia de nada ate a policia vir buscar ele em casa então esse muleque vai voltar a cometer crimes porque não pagou nada i foi solto é claro que ele vai voltar a cometer roubos de novo então vamos agradecer ao governo o bispo da cnbb e muitos outros porque tem um ladrão que foi detido averiguado erá menor de idade e esta solto parabens para eles .

TORTURA E MORTE NOS CALABOUÇOS – PAI, AFASTA DE MIM ESSE CÁLICE

Pai! Afasta de mim esse cálice Pai! Afasta de mim esse cálice Pai! Afasta de mim esse cálice De vinho tinto de sangueNo dia 26 de maio de 1973, a USP recebia nos palcos do seu campus o cantor Gilberto Gil. Alunos e professores ainda estavam de luto pela morte do estudante de geologia, Alexandre Vannucchi Leme, torturado e assassinado pelos órgãos repressores do governo militar. Quando Gilberto Gil soltou a voz, cantando os versos acima, ecoava no Brasil o canto proibido, a voz silenciada de uma nação, o grito de dor de quem era torturado e morto nos calabouços da ditadura militar. “Cálice”, composição de Gilberto Gil e Chico Buarque, falava daquele momento obscuro da história do Brasil. Seus versos eram mais do que um sentido de protesto, era um grito sufocado, um alerta contra o horror das masmorras, um pedido de socorro dentro de um sistema cruel e truculento, uma denúncia aos assassínios praticados. A canção tinha sido proibida pela censura. Poucos dias antes do show na USP, entre os dias 11 e 13 de maio, Chico Buarque e Gilberto Gil tiveram os microfones desligados quando, em um festival promovido pela gravadora Polygram, o “Phono 73”, tentaram cantar a música. O show histórico de Gilberto Gil na USP selou um momento de ruptura e renascença do movimento estudantil. Ruptura porque os estudantes optavam por enterrar de vez a luta armada dentro das ideologias de esquerda aprendidas nas faculdades; renascença porque o movimento estudantil estava praticamente morto, desde o desfecho do congresso da UNE em Ibiúna, em 1968, que terminou com a prisão dos líderes estudantis, muitos exilados, outros mortos ou desaparecidos pela ditadura. Gilberto Gil, um dos líderes da Tropicália, outrora vaiado e acusado de alienação por parte da esquerda engajada do movimento estudantil, fazia uma reconciliação histórica. O seu show era para durar trinta minutos, durou mais de três horas. E “Cálice” tornou-se o hino daquele momento. Tropicalista e estudantes selavam a paz, daquela vez, os aplausos venceram as vaias, música e movimento estudantil formavam uma só voz contra a ditadura militar. A canção soava na voz do seu autor como um grito de desobediência à repressão, uma rebeldia civil. Os seus versos traziam a denuncia da tortura – “Quero cheirar fumaça de óleo diesel” -, alusão clara à morte de Stuart Angel Jones, torturado e executado em 1971, tendo o corpo arrastado pelo pátio de um quartel da aeronáutica, amarrado em um jipe, com a boca presa ao cano de escapamento. Quando cantada por Gilberto Gil no campus da USP, a canção homenageou Stuart Angel e Alexandre Vannucchi Leme, vítimas das suas ideologias e de um sistema repressivo sanguinário. Através dos versos de “Cálice”, traçamos um paralelo entre as mortes do filho de Zuzu Angel e do estudante de geologia da USP, ocorridas em 1971 e 1973, respectivamente. Um paralelo traduzido neste hino contra um tempo obscuro que se desenhou no céu de um Brasil despido dos sonhos de liberdade e democracia. Stuart Angel e a Luta ArmadaComo beber dessa bebida amarga Tragar a dor, engolir a labuta Mesmo calada a boca, resta o peito Silêncio na cidade não se escuta Com a promulgação do Ato Institucional 5 (AI-5), em 13 de dezembro de 1968, que entre outras arbitrariedades repressivas anulava o direito de habeas corpus aos presos políticos, a ditadura militar entrou no seu período mais duro, suprimindo qualquer diálogo com os que se lhe faziam oposição. Tradicionais partidos de esquerda que se encontravam na clandestinidade, como o Partido Comunista Brasileiro (PCB), tiveram suas bases esfaceladas, transformadas em pequenas organizações de resistência à ditadura. Estas organizações de esquerda, após o AI-5, também endureceram as suas ações, optando pela luta armada como forma de combate ao regime dos generais. Esquerda e direita iniciaram uma guerra ideológica sangrenta, com vantagens para a direita, que detinha a máquina do Estado a seu favor, manipulando as leis através de atos institucionais, oficializando a repressão como forma de segurança do Estado, regido por uma ditadura escancarada. No auge da guerra repressiva dos militares, até a pena de morte entrou em vigor no Brasil, em 1969, promulgada por um ato institucional, prevendo a execução de terroristas e subversivos de esquerda. Foi neste panorama turbulento da história brasileira que surgiu a figura de Stuart Edgard Angel Jones. Filho do norte-americano Norman Angel Jones e da brasileira Zuleika Angel Jones, Stuart Angel nasceu na Bahia, em 11 de janeiro de 1946. Sua vida poderia ter passado despercebida, ofuscada pelo brilho da mãe, a estilista de moda Zuzu Angel, dona de um grande prestígio dentro da alta costura e da moda brasileira na década de setenta; ou apoiada na proteção de uma expectativa burguesa, delineada nos moldes de uma classe média construída sobre as raízes de uma ditadura. Mas Stuart Angel rompeu com as amarras burguesas, tornando-se muito cedo, militante de organizações de esquerda, envolvendo-se com a luta armada, ideologias consideradas inimigas do regime de então, culminando com uma morte violenta, aos 26 anos de idade. Stuart Angel teve uma vida curta e de intensa militância política. Estudante de economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro, ingressou nos movimentos de resistência à ditadura ainda nos anos sessenta, através do movimento estudantil, ao lado da companheira Sônia Maria Morais Angel Jones, com quem se casara. Juntos, integraram a Dissidência da Guanabara (DI-GB), organização política de esquerda surgida em 1966, originada de uma ruptura com o PCB. Mais tarde, quando fez parte do seqüestro ao embaixador norte-americano, Charles Burke Elbrick, em 1969, a DI-GB passou a usar o nome de Movimento Revolucionário 8 de Outubro (MR8), organização que teve papel destacado nas guerrilhas urbanas. Perseguido como terrorista pela ditadura militar, Stuart Angel deixou as salas de aula da sua universidade, passando a viver na clandestinidade. Fez parte de várias ações subversivas contra o regime repressivo, como assaltos a bancos, seqüestros e guerrilhas. Tornou-se o elo de ligação com o líder do MR8, Carlos Lamarca, que ao lado de Carlos Marighella, tornara-se o maior inimigo do governo. Diante de uma militância tão intensa, Stuart Angel, que usava o codinome de Paulo, passou a ter a sua imagem impregnada nos cartazes de “Terroristas – Procura-se”, espalhados por todo o país. Stuart Angel recusava de vez o mundo burguês e protegido que fora criado, assumindo os seus ideais revolucionários e a luta contra a ditadura que governava o país, luta traduzida naquele momento, na resistência armada. Prisão e DesaparecimentoDe que me vale ser filho da santa Melhor seria ser filho da outra Outra realidade menos morta Tanta mentira, tanta força bruta Quanto mais a esquerda mostrava-se ousada, como nos seqüestros efetuados a embaixadores e cônsules de outros países, mais a ditadura endurecia na resposta às ações subversivas, classificando-as de terroristas. Instituída a pena de morte para terrorista, a vida dos militantes de esquerda passou a não ter valor algum diante da polícia repressiva da ditadura. Atos de tortura tornaram-se comuns nos calabouços, adquirindo requintes sádicos e sanguinolentos. Apesar da banalidade da tortura, o regime militar jamais admitia a sua existência, temendo retaliações da comunidade internacional que lutava pelos direitos humanos. Com a morte de Carlos Marighella, assassinado em uma emboscada em 1969, Carlos Lamarca passou a ser o inimigo número um do regime militar, que iniciou contra ele uma caçada intensa. Stuart Angel passou a ser o contacto de ligação entre Lamarca, sendo quem detinha a preciosa informação do seu paradeiro. Esta evidência foi determinante nas violentas torturas que sofreria, quando da sua prisão. No dia 14 de junho de 1971, Stuart Angel caiu nas mãos da ditadura militar, sendo preso no Grajaú, Rio de Janeiro. Sua prisão teria acontecido após o militante Alex Polari de Alverga, preso dois dias antes, ter revelado sob tortura, o local que serviria de ponto de encontro entre eles. Segundo depoimento do próprio Polari, ao ser torturado e revelar o ponto final, tentara ludibriar os torturadores, apelando para uma ínfima tentativa de salvar Stuart Angel, antecipando o horário do encontro em duas horas, jogando com um local perto do combinado. Ainda, segundo esta versão, os agentes já iam embora, quando reconheceram Stuart Angel em um carro, rondando pelas redondezas, adiantado na hora prevista. Na manhã daquele fatídico dia, pouco depois das oito horas, Stuart Angel dirigia um carro, próximo à Avenida 28 de Setembro, quando foi cercado por dois veículos de agentes da polícia política. Com armas em punho e apontadas, Stuart Angel foi retirado do seu carro, sendo enfiado em um dos veículos pelos agentes. Jamais voltaria a ser visto com vida por amigos e familiares. Após a prisão, além do testemunho de Alex Polari de Alverga, que afirmaria ter presenciado a execução do companheiro, apenas um confuso relato do oficial Amílcar Lobo, um médico, que fizera parte de várias sessões de tortura no famoso Açougue Humano de Petrópolis, daria conta de que Stuart Angel tinha passado com vida pelo DOI-CODI do Rio de Janeiro. Stuart Angel, professor e estudante, 26 anos, porte de galã, engrossaria a lista dos desaparecidos da ditadura militar. Deixara o cotidiano burguês para fazer parte de uma vida clandestina, abandonara as salas de aula para pisar nos palcos das guerrilhas urbanas, deixara de ser o filho de uma estilista famosa, para ser filho da nação que o marginalizava e chamava-o de terrorista. Com a Boca Presa ao Cano de Descarga de Um JipeApós ter caído nas mãos dos agentes do Centro de Informações da Aeronáutica (CISA), Stuart Angel foi levado para as dependências da Base Aérea do Galeão, onde foi duramente torturado, para que falasse sobre o paradeiro de Carlos Lamarca, de quem era o contacto. Não resistiu às torturas, mas não revelou uma única palavra sobre o paradeiro de Lamarca. Stuart Angel sofreu inúmeras sessões de tortura durante todo o dia, resistindo a dizer qualquer palavra que denunciasse os companheiros, procedimento que irritou profundamente os seus algozes. Ao cair da noite, Stuart Angel trazia o corpo coberto de hematomas e esfolado, foi amarrado à traseira de um jipe militar e arrastado pelo pátio das dependências daquela base da Aeronáutica, tendo a boca colada ao cano de descarga do jipe, o que ocasionou sua morte por asfixia e intoxicação por monóxido de carbono. O seu corpo teria sido atirado ao mar, na restinga da Marambaia. Talvez o mundo não seja pequeno Nem seja a vida um fato consumado Quero inventar o meu próprio pecado Quero morrer do meu próprio veneno Quero perder de vez tua cabeça Minha cabeça perder teu juízo Quero cheirar fumaça de óleo diesel Me embriagar até que alguém me esqueça Este relato de crueldade na morte de Stuart Angel foi feito por AlexPolari de Alverga (na fotografia em um ritual do Santo Daime), em carta enviada um ano depois para a sua mãe, Zuzu Angel. Polari teria assistido ao ato macabro através de uma janela da sua cela. Até os dias de hoje, o testemunho de Polari é contestado e desmentido pelos envolvidos no caso e por aqueles que defendem os atos da direita no período do regime militar, que justificam a tortura como necessária à defesa da nação, contra o terrorismo que ameaçava a segurança nacional. Alex Polari tornou-se um místico e adepto da seita do Santo Daime, uma conduta pregressa de vida é utilizada para desqualificar o seu testemunho. O próprio Polari sofreu torturas terríveis como choques elétricos, cadeira do dragão, pau-de-arara e tantas outras atrocidades, com certezas as mesmas que sofrera Stuart Angel. Se Polari inventou isto, teria que ter uma imaginação muito fértil, tamanha originalidade da crueldade imposta a um homem amarrado com a boca presa a um cano de escape de um veículo. Como o caso chegou aos tribunais norte-americanos (Stuart Angel tinha dupla nacionalidade, brasileira e estadunidense) através de denúncias de sua mãe, Zuzu Angel, e o governo militar sofreu forte pressão dos Estados Unidos para esclarecer os fatos, é natural que nunca assumissem o crime e tentassem amenizar as atrocidades vazadas para o mundo, demonstrado existir tortura, veementemente negadas, nos calabouços do regime; para isto, é perfeitamente normal que descaracterizassem o depoimento de Alex Polari, tornando-o absurdo e lunático aos olhos de todos. Não é absurdo que o corpo de Stuart Angel tenha sido jogado no mar, visto que existia à época a idéia da utilização da Operação Parasar, concebida pelo brigadeiro João Paulo Burnier, em 1968, que consistia em eliminar lideranças políticas atirando-as ao mar de um avião; para isto utilizando a unidade Parasar da Aeronáutica, especialista em busca e salvamento. O plano foi denunciado pelo capitão Sérgio Miranda Ribeiro de Carvalho, que, por este motivo, foi punido. O brigadeiro Burnier foi quem comandou o interrogatório e as torturas a Stuart Angel. Morto no mesmo dia que fora preso, Stuart Angel desaparecia para sempre da vida, dos olhos dos amigos e familiares, mas continuaria com o rosto estampado pelas ruas de todo o Brasil por vários anos, com as palavras “Procura-se” debaixo da sua fotografia, numa farsa que o governo militar insistia em manter, fazendo com que se acreditasse que estava vivo e foragido. Na busca pelo corpo do filho e pela verdade nas circunstâncias de sua morte, Zuzu Angel iniciou uma longa jornada investigativa que incomodou profundamente os militares. Morreu em um obscuro acidente automobilístico, na saída do túnel Dois Irmãos (hoje túnel Zuzu Angel), na madrugada de 14 de abril de 1976. Em 1996 o Estado reconheceu a morte de Zuzu Angel como conseqüência das denúncias que fez contra o regime militar sobre a morte do filho, resultante de torturas. Seqüestro, Tortura e Morte de Alexandre Vannucchi LemeComo é difícil acordar calado Se na calada da noite eu me dano Quero lançar um grito desumano Que é uma maneira de ser escutado Esse silêncio todo me atordoa Atordoado eu permaneço atento Na arquibancada pra a qualquer momento Ver emergir o monstro da lagoa Alexandre Vannucchi Leme teve a sua vida interrompida aos 22 anos, quando foi preso, torturado e morto pelo regime militar. Vannucchi Leme nasceu em Sorocaba, São Paulo, em 5 de outubro de 1950. Por ser muito magro, era carinhosamente chamado pelos amigos de Minhoca. Vannucchi Leme entrou para o curso de geologia da USP, local de forte resistência estudantil ao regime militar. Desenvolveu uma engajada militância no movimento estudantil, integrando a Ação Libertadora Nacional (ALN). Tomado como subversivo, ele foi alvo da investigação de agentes da polícia de repressão do regime militar. No dia 16 de março de 1973, Alexandre Vannucchi Leme caiu nas mãos da ditadura, sendo seqüestrado (não houve prisão oficial) e levado para o DOI-CODI, onde foi submetido a sessões de torturas que duraram horas consecutivas, sendo comandadas diretamente pelo comandante daquele departamento, o sanguinário major Carlos Alberto Brilhante Ulstra. Vannucchi Leme foi visto por vários outros estudantes que se encontravam presos naquele centro de torturas. Segundo relatos, foi posto na solitária, chamada de X-Zero. No dia seguinte, 17 de março, foi retirado da solitária, voltando a ser torturado ininterruptamente até o meio-dia. Foi levado de volta à cela, já sem forças e a sangrar. Seu corpo foi encontrado morto na cela, por volta das dezessete horas. Quando foi retirado da solitária, tinha uma forte hemorragia no abdômen. Foi visto carregado morto pelos corredores, a esvair-se em sangue. A morte de Vannucchi Leme foi testemunhada pelo amigo e companheiro de faculdade e militância política, Adriano Diogo, preso ao lado da mulher, quase que simultaneamente com ele. Adriano Diogo foi quem mais tarde esclareceu alguns fatos daquele dia. A família do estudante de geologia só soube da sua prisão através de um telefonema anônimo. Aos amigos e parentes, a notícia da morte de Vannucchi chegou noticiada pelo jornal “Folha de S. Paulo”, que publicou, no dia 23 de março, uma matéria forjada pela ditadura militar, montando uma versão de que o estudante morrera atropelado por um caminhão, na altura da Rua Bresser com a Avenida Celso Garcia, em São Paulo. A farsa trazia um laudo assinado pelos médicos Isaac Abramovitch e Orlando Brandão. Mesmo com a publicação da imprensa confirmando a morte do estudante, o seu corpo foi enterrado como indigente, em uma vala do cemitério de Perus. Somente em 1983, dez anos após o assassínio, José de Oliveira Leme e Egle Vannucchi Leme, seus pais, conseguiram trasladar o corpo para o cemitério de Sorocaba. Revoltados, os estudantes da USP procuraram o cardeal de São Paulo, dom Paulo Evaristo Arns, para que realizasse uma missa em homenagem a Vannucchi Leme. O clérigo aceitou e, em 30 de março, realizou a missa na catedral da Sé, ato que reuniu três mil pessoas, transformando-se no maior protesto popular contra a ditadura militar desde 1968. O Show de Gilberto Gil na Escola PolitécnicaDe muito gorda a porca já não anda De muito usada a faca já não corta Como é difícil, pai, abrir a porta Essa palavra presa na garganta Esse pileque homérico no mundo De que adianta ter boa vontade Mesmo calado o peito, resta a cuca Dos bêbados do centro da cidade A morte de Alexandre Vannucchi Leme conseguiu unir a sociedade brasileira contra um regime que já não conseguia esconder a sua face negra e opressiva, tomando caminhos que desagradavam os mais diversos setores. Depois do ato ecumênico realizado na catedral da Sé, os estudantes da USP convidaram Gilberto Gil para um show em homenagem a Vannucchi Leme. O show foi realizado na Escola Politécnica. Vigiada por agentes policiais do regime, a apresentação do cantor baiano foi tensa, e mesmo diante de um momento de perigosa hostilidade, comoveu e alavancou os estudantes durante as três horas que durou, prevista inicialmente para ter uma duração de trinta minutos. O ano de 1973 foi um dos mais difíceis para o movimento estudantil. Quarenta e três estudantes da USP foram presos naquele ano, sendo que dois deles, Vannucchi Leme e Ronaldo Mouth Queiroz, jamais deixaram o calabouço. Também o presidente da praticamente extinta UNE, Honestino Guimarães, tinha sido preso em 1973, desaparecendo para sempre. Gilberto Gil conseguiu captar aquele momento delicado pelo qual passavam os estudantes. Seu show era de denúncia, a sociedade precisava saber das prisões que aconteciam aos estudantes e aos oposicionistas ao governo militar. Suas palavras soavam como epênteses de um discurso renascido, seu canto como um grito que já não podia ser calado. Ao cantar “Cálice”, música vetada na apresentação do festival da Phonogram, acontecido nos dias 11, 12 e 13 de maio, Gilberto Gil fez do seu medo a audácia, à volta aos protestos calados em 1968. O cantor, que regressara do exílio em Londres em 1972, finalmente chegava ao Brasil. Era o momento de uma união histórica entre o tropicalista, vaiado nos festivais de 1968 pelos estudantes de então, e o movimento estudantil. Não só a música e o movimento estudantil deram as mãos, como também outros setores da sociedade aderiram aos protestos. Uma grande frente começou a ser formada contra a ditadura. O movimento estudantil reergueu-se dos escombros da repressão e mortes que assolara os seus líderes. Para alguns historiadores, a ditadura militar começou a perder a sua unidade ali, tendo o racha definitivo dois anos mais tarde, quando o jornalista Vladimir Herzog foi morto sobre tortura. Se Stuart Angel era visto como um terrorista, assaltante de bancos e perigoso guerrilheiro da luta armada, o que justificava a morte pelos seus algozes, apesar de nunca assumida oficialmente pela ditadura, com Alexandre Vannucchi Leme isto não acontecia, pois ele era um estudante de esquerda, que não pertencia à luta armada. A sua morte fugiu ao controle, sendo tida pelos militares como um grande erro, que precisou ser explicada através da farsa de um laudo. No canto de Gilberto Gil, “Cálice” homenageava todos os presos políticos, mortos e torturados. Homenageava Alexandre Vannucchi Leme diante de um ato cultural visto por cerca de mil pessoas, e diante da letra que aludia ao martírio final de Stuart Angel. A resistência renascia, e os dois estudantes mortos deixavam de ser os terroristas na visão dos militares, para que se transformassem nos mártires da resistência à ditadura, como um sopro nas asas da democracia adormecida. fonte; Alexandre Vannucchi Leme isto não acontecia, pois ele era um estudante de esquerda, que não pertencia à luta armada. A sua morte fugiu ao controle, sendo tida pelos militares como um grande erro, que precisou ser explicada através da farsa de um laudo. No canto de Gilberto Gil, “Cálice” homenageava todos os presos políticos, mortos e torturados. Homenageava Alexandre Vannucchi Leme diante de um ato cultural visto por cerca de mil pessoas, e diante da letra que aludia ao martírio final de Stuart Angel. A resistência renascia, e os dois estudantes mortos deixavam de ser os terroristas na visão dos militares, para que se transformassem nos mártires da resistência à ditadura, como um sopro nas asas da democracia adormecida. fonte